Estradas malconservadas, com problemas na pavimentação e sinalização ineficiente aumentam o consumo de combustível e a manutenção do caminhão resultando em acréscimo de até 30% na operação do transporte. Dependendo da rota a ser cumprida, a viagem pode não valer a pena diante do risco de o caminhão vir a sofrer algum tipo de problemas que trará custo de reparo e prejuízo.
Rodovia deteriorada, em estado precário, impacta no bolso, aumenta o consumo de combustível e a necessidade de reposição de peças. Sistemas de embreagem e de freios, molas e pneus são os mais afetados além do aumento do tempo de viagem, reduzir as condições de segurança dos usuários da via, conforto e paciência do motorista.
Custo de acidentes superam investimentos em infraestrutura
De acordo com relatório da Confederação Nacional do Transporte, o custo com acidentes pode superar o valor investido em infraestrutura rodoviária. Em 2021, até setembro a estimativa dos custos com acidentes foi de R$ 8,85 bilhões de reais, contra R$ 4.16 bilhões investidos na malha rodoviária federal.
Apesar de cerca de 65% das mercadorias serem movimentadas por vias terrestres no Brasil, quem transporta com caminhão ainda convive problemas de pavimentação, sinalização e outras deficiências nas rodovias de certas regiões. A malha rodoviária brasileira é formada por 1.720.909 quilômetros, dos quais somente 213.500 são pavimentados. Destas, 67.286 são estradas federais e 41.817 estaduais. Os 1.350.100 km restantes constam como rodovias sem pavimento.
Segundo relatório da Pesquisa CNT Rodovias 2021, o custo operacional do transporte aumenta 30,9%, em média, por conta de despesas com manutenção do veículo e do maior consumo de diesel por quilômetro rodado, entre outros gastos gerados pelas rodovias classificadas em estado de conservação regular, ruim e péssimo.
De acordo com o levantamento, até mesmo rodovias privatizadas apresentam algum tipo de problema capaz de aumentar em até 16% o custo do transporte. Já nas vias sob administração do poder público e sem concessão, as irregularidades acarretam acréscimo estimados em mais de 35% nos custos operacionais.
Dos 109.103 quilômetros avaliados, apenas 16.385 km receberam classificação de perfeito estado; 51.118 km foram considerados desgastados; 34.835 com trincas e remendos; 6.204 com afundamentos e 554 totalmente destruídos. A pesquisa observou características como condições do pavimento, sinalização e geometria das rodovias.
O trabalho realizado pelas equipes de campo, considerando apenas “condições do pavimento”, 17.285 quilômetros receberam classificação ruim e 6.280 péssimos. A maior extensão com pior avaliação (1.882 quilômetros) foi verificada na região Norte do Brasil, dos quais 605 km estão no Estado do Acre. A segunda maior extensão com pavimento em condições avaliadas como péssimas está nos 1.557 km de estradas da região Nordeste, com destaque para o Estado do Maranhão, com 591 km e Bahia com 321 km, seguidos pelo Ceará 248 km, e Piauí 203 km.
Ainda na avaliação de “condições do pavimento”, dos 30.206 quilômetros de estradas avaliados nos quatro Estados da região a maior extensão classificada como péssima foi verificada em Minas Gerais, com o total de 751 km dos 15.259 pesquisados no Estado. Em São Paulo, dos 10.670 km verificados apenas 19 km receberam a pior nota no quesito pavimento, enquanto no Estado do Rio de Janeiro dos 2.551 km somente 96 foram reprovados. Já no Espírito Santo, onde foram avaliados 1.726 km de estradas, não houve registro de pistas com pavimento em situação péssima.
Na região Sul, a maior extensão em situação considerada péssima foi registrada no Rio Grande do Sul. Do total de 8.782 quilômetros avaliados no Estado, 763 tiveram a pior classificação de pavimento, além de 1.285 quilômetros considerados com péssima sinalização, perdendo apenas para os 1.417 km verificados no Maranhão. No Centro-Oeste, por sua vez, a maior extensão com pavimentação classificada como péssima foi registrada em Goiás, com 622 quilômetros dos 7.413 pesquisados no Estado.
Estima-se que pavimento considerado péssimo possa elevar em mais de 90% o custo operacional do transporte. Conforme cita a Pesquisa da CNT, com dados da NTC Logística, num pavimento classificado como ruim o percentual estimado seria de 65,6%; e de 41% em pavimento regular. Outros fatores de incidência na qualidade da rodovia além de pavimento e sinalização são a geometria e o excesso de tráfego.
Carreteiros acostumados a percorrer trechos mais longos são também os que estão mais sujeitos às condições gerais de trafegabilidade e segurança impostos pelas rodovias. As vias administradas por concessionárias, e normalmente com cobrança de pedágio, apresentam as melhores condições, no entanto não faltam reclamações de profissionais do volante sobre valores cobrados comparados às condições de rodagem disponibilizadas em alguns casos.
Pistas simples e acostamento
Em 23.636 km de rodovias sob concessão, informados na ocasião da pesquisa, mais de 12.300 km eram rotas de pista simples com mão dupla de direção, além de 8.500 quilômetros sem acostamento. Do total verificado, 6.087 quilômetros (pouco mais de um quarto da malha concedida) foram classificados com regular, ruim ou péssimo. Na ocasião da pesquisa, 85.467 km da extensão pesquisada não estavam sob administração de concessionárias.
No entanto, de acordo com o levantamento, as 10 rodovias ou trechos com melhor ranking de qualidade estão no Estado de São Paulo. Todas têm concessão, exceto a SP 320, uma rota de 187 Km entre os municípios de Rubinéia e Mirassol administrada pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem).
De acordo com a pesquisa, as rodovias nas últimas posições são todas públicas. As 10 classificadas como as piores (péssimas), estão nas regiões Norte e Nordeste. A relação inclui a PE-096 (entre Palmares e Barreiros), a PE-545 (Exu – Ouricuri), e a PE-177 (Quipapá – Garanhuns), todas no Estado de Pernambuco; na Bahia consta o trecho de 126 km da BA-122 e no Maranhão a rodovia MA-006, entre Buriticupu e Alto Parnaíba.
Na região Norte aparece trecho de 253 km da AM – 010, no Amazonas; enquanto no Acre foram classificadas a AC – 010, entre Porto Alegre e Rio Branco (trecho de 66 km) e a AC – 405 entre Mâncio Lima Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul. Na região Sul do Brasil, a pesquisa identificou a BR-163, ligação entre Dionísio Cerqueira e São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, e a RS-153, no Rio Grande do Sul, ligação de 153 km entre Barros Cassal e Vera Cruz.